O presente, acabou. Findou-se, antes que eu pudesse agarrá-lo. Passou lotado, cheio de carne humana. Impenetrável. Claudicante. Várias vezes, impenetrável. Tentei o passado, com suas lembranças, com seu relógio atrasado. Teias e sombras, lançadas a esmo, mas com dores certas. Estacionado. Juntando poeira num ramal esquecido. Ah, o futuro ! Estende-se por ambos os lados da vida. Pode ser fazenda, pode ser jardim. O futuro despromete, desconstrói. Mas nada garante, além do fato de que passará.
Um desafio dos alunos me levou ao vestibular de 22. Eles diziam que eu não passaria no concurso, que eu estava velho e só sabia ensinar física, mas as outras matérias me seriam difíceis. Os pilantrinhas, no fundo, sabiam que eu não resistiria à provocação. Inscrevi-me no vestibular da Universidade do Estado. Na hora da prova, chutei física – para não dar margem a suspeita de covardia. Claro, algumas respostas que pareciam muito óbvias eu não perdoei. Mas de modo geral chutei as tantas questões. Matemática e Inglês, também meio que no automático. Química nem pensar. Dediquei-me com especial crueldade às questões em que eles apostariam minhas fraquezas: Português/Literatura, Geografia, História. Pois, para culminar meu ato de desafio aceito, escolhi a carreia de Literatura Português-Inglês. Passei bem colocado, para revolta do corpo discente do cursinho, que agora redobra esforços para me alcançar na faculdade e fazer suas troças pessoalmente. Sete matérias num primeiro período. Nem